sábado, 21 de agosto de 2010

O Poder dos Frágeis

Enganam-se absurdamente aqueles que dizem haver relação entre fragilidade e covardia. Todo o contexto histórico da humanidade é contrário a essa possível afinidade. Como prova cabal, a história é testemunha de homens e mulheres que se superaram mesmo em condições de fragilidade. Jesus Cristo, tido pela história como o homem mais brilhante que passou pela Terra, e por seus seguidores como o padrão de vida a ser seguido, é a encarnação de um Deus que resolveu ser frágil para mostrar que o poder, quando não se submete à humildade, não passa de soberba e arrogância – atributos de um demônio dos mais ralés.
A perseguição da justiça é o grande legado de Cristo. Multiplicar o pão aos famintos, devolver a visão aos cegos, reerguer vidas do chão do desprezo e restabelecer dignidades destruídas por um sistema avassalador, fizeram com que o ministério do “Filho do homem”, a partir de sua verticalidade peculiar, se desenvolvesse numa horizontalidade sem fronteiras. E esta era a vontade de seu PAI. Vontade despejada sobre o coração de Jesus de forma tão abundante a ponto de ser tida por Ele como comida - essência de sua vida. Sem a promoção da justiça, a vida de Cristo não teria repercussão no céu, tampouco na história.
Em tempos remotos à ascensão de Jesus, conta-nos os Atos dos apóstolos, a característica marcante da comunidade que se formou a partir de sua vida, foi a prática aguerrida da justiça. A “comida” que alimentou o frágil Deus da cruz, também serviu de alimento para os corações daqueles que se renderam ao constrangimento do amor de Jesus de Nazaré. A fome dos irmãos daquela comunidade não lhes cabia na alma, e o desespero do amor pelo próximo tão intenso que estes vendiam (independentemente da pressão do governo) seus bens para compartilhar o fruto da venda entre si, a fim de que todos fossem iguais, sem jamais perderem a consciência de sua frágil condição. Mas não parou por aí, a sede de justiça da igreja primitiva contagiou a sociedade local, fazendo com que ela “caísse na graça do povo” e “contasse com a simpatia de todos”.
Somente os frágeis podem promover a justiça. E para tanto é necessário coragem para aceitar-se frágil, dependente do outro e auxiliar do próximo; entusiasmo para submeter-se ao coração alheio, às carências do mundo, às deficiências de uma sociedade desigual e, quase, desumana; audácia para viver em favor de quem te ama ou te odeia; e esperança para crer na vitória da vida, mesmo se no presente a cruz for o seu galardão. Isso é o que Cristo chamou de “poder do Espírito Santo”.

Fonte: Celebrai

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