terça-feira, 23 de agosto de 2011

Comunidade Terapêutica ou Fábrica de Desviados?

Eu estava com muita sede. E havia uma jarra grande de água na minha frente. Geladíssima, dava para ver a condensação escorrendo pelas laterais. Peguei um copo, enchi completamente, e tomei um gole imenso, descobrindo então que não era água. Tinha um gosto horrível, salgado. Engasguei e pus aquilo para fora, cuspindo para todos os lados, e parte do líquido saiu pelas narinas. Queimava. Meu nariz pegava fogo.
Foi quando a voz da minha esposa veio flutuando do quarto: “Amor, você  tomou o soro que está na geladeira pensando que é água?” Argh!!
Já se sentiu assim?
Diante de algo que tem aparência saudável, que transmite doçura, que carrega em si a promessa de refrescância. E tudo que encontrou foi distúrbio, amargura e compromisso vazio?
Eu também.
Infelizmente, todos nós em algum ponto da vida – ou em vários – vamos tomar soro pensando que é água.
A religião é a grande mestra no ofício de servir soro em vez de água aos necessitados. Várias pessoas que amo e bilhões que não conheço, tem sido vítimas deste engano. E o resultado é a multidão que tem pulado para fora da igreja, sem olhar para trás. Feridos. Eternamente ressentidos.
Quantos foram atraídos por palavras envolventes que anunciam:Venha como estás! Quebrado, viciado, ferido, doente, amargurado, deprimido, sedento… Venha!!” Seduzidos pela imagem de uma jarra linda, cheia de algo transparente que só podia ser, água.
E no entanto, no primeiro contato são apresentados a listas enormes de coisas que não podem fazer e outras tantas que de agora em diante são obrigados a fazer, pois se não fizerem, estarão incorrendo em grave erro, que pode arruinar todos os seus sonhos e seu futuro eterno. Sobrecarregados por cobranças, pedágios e impostos espirituais…
Eles não precisam de muito tempo para descobrir que é soro o que estão empurrando em suas goelas.
O que me desperta a pergunta. Comunidade Terapêutica ou Fábrica de Desviados, no que estamos transformando a Igreja?
Geralmente, quando encontro alguém que deixou de frequentar um grupo religioso, e pergunto as razões, concluo que aquela pessoa especial procurava algo simples. Água Viva. A substância mais básica e essencial. Mas tudo o que lhe ofereceram foram técnicas empresariais de marketing multi-nível.
Será que o Evangelho puro e simples não tem apelo neste século?
Todas as vezes que sou confrontado pela fé austera e profunda da minha Vovó Ana, e pela pureza das minhas filhas, penso que, sim. O Evangelho genuíno tem tudo o que precisamos para esta, e para todas as gerações que virão.
Basta descomplicar. 
Permitir que a Palavra restaure tudo o que estiver quebrado, respeitando o tempo de cicatrização de cada ser humano.
Aceitar que muito do que temos chamado de crescimento, na verdade é inchaço provocado por excesso de soro no organismo.
Entender que não existe instituição perfeita. Lutero apertou apenas o start. A reforma é um processo contínuo de melhoramento.
No dia que nossas lideraças espirituais ousarem voltar a servir Água Viva. E apenas, Água Viva, aos milhares que nos rodeiam. Prepare-se, veremos a sujeira ser lavada em nossa sociedade de maneiras que  o nem todo o soro do mundo jamais seria capaz de fazer.
Reflita sobre isso.

Fonte: http://blogdoclayton.wordpress.com/

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