sexta-feira, 29 de julho de 2011

Trecho da mensagem: A IGREJA QUE ARROTA


“para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu” (Ec 3.1).
Na nossa vida espiritual é a mesma coisa. À medida que caminhamos, nos desenvolvendo na fé, nossas crenças, atitudes, práticas e valores vão mudando. E não há mal algum nisso. Não é sinal de fraqueza ou de falta de fé: é sinal – isso sim – de amadurecimento.
Logo após a conversão você aprende a Bíblia de um modo, toma o leitinho, se fortalece, entra na intimidade com Deus de uma maneira. Com os anos, isso muda. Seu organismo espiritual enrobustece, passa a exigir aprendizados mais sólidos, vivências diferentes, alterações de pensamentos. E, para muitos, chega um momento de rompimento com as práticas da infância na fé e o reaprendizado de muitas coisas que se fazia e se cria até então. Isso é importante e desejável – desde que não se abandonem a sã doutrina bíblica e os fundamentos da fé.
De repente, você descobre que aquelas formas de oração que te ensinaram na igreja em que se converteu não seguem o padrão bíblico. Descobre que nem todas as pessoas serão curadas de suas doenças, mesmo tendo , ao contrário do que prometia aquele livro do Kenneth Hagin. Descobre que não adianta “tomar posse pela fé” daquela benção pois, se Deus não quiser, você pode ter fé à vontade que nunca vai recebê-la. Descobre-se muito menos santo do que o irmão que fez o apelo disse que você tinha se tornado. Descobre que não basta levantar a mão à frente de uma igreja para ser salvo, se você não vive uma vida que demonstre frutos de arrependimento. Descobre-se enxergando que aquele pastor brigão que você achava o supra sumo da espiritualidade não passa de um fanfarrão. Descobre espantado que gritar, espernear, saltar e suar no louvor não fazem de você um verdadeiro adorador.
Descobre ainda que estava pecando ao idolatrar celebridades da música gospel. Descobre que falar jargões evangélicos e frequentar uma igreja sem manifestar os frutos do Espírito não fazem de você umcristão. Descobre que o envolvimento da igreja com política partidária não promove nenhum avanço para a causa de Cristo. Descobre que não adianta votar em “irmãos”, pois uma vez eleitos muitos vão fazer as mesmas negociatas que os ímpios. Descobre que a verdadeira religião não tem a ver com você, mas com Deus e o próximo. Descobre que gritar no púlpito não tem absolutamente nada a ver com poder de Deus e que é possível ser pentecostal vivendo uma vida silenciosa. Descobre que aqueles conhecidos cursos de mapeamento e batalha espiritual não têm nenhuma base bíblica. Descobre que pastores famosos também pregam heresias, mesmo com lindas palavras. Descobre que ganhar almas sem fazer discípulos não cumpre o ide de Jesus. Descobre, descobre, descobre.
Ou seja: chega o momento em que você amadurece a tal ponto que descobre que arrotar e soltar pum não são a coisa certa a ser feita, por mais que tenha aprendido isso no inicio da sua vida espiritual e que tantos lhe tenham incentivado por tanto tempo a fazer isso. De repente, você descobre que estava tudo errado e que tem de reaprender muita coisa.
E é o que tem de ser feito: amadurecer, evoluir, passar para a fase da maturidade. O problema é que muitos se agarram de tal forma ao que aprenderam no início que não suportam as novas descobertas, como personagens assustados do mito platônico da caverna. Uma parcela de cristãos que enxergam a luz recusam-se a abandonar as sombras confortáveis da caverna do passado, agarram-se à segurança daquilo que aprenderam na infância espiritual e se tornam adultos na fé que vão continuar a arrotar e soltar pum. “Foi assim que eu aprendi!”, apegam-se desesperados aos rudimentos da puerilidade. Outra parcela não aguenta o choque e de desvia, abandona a fé, apostata. Quantos não são os que entram numseminário teológico e, ao descobrir que o capítulo 16 de Marcos não está em alguns dos manuscritos mais antigos da Bíblia entram em crise. Ou que desmoronam ao saber que o grande reformador Luterogostava de tomar bebidas alcoólicas. Ou que mulher usar calça não e pecado, é apenas um hábito cultural dos fundadores europeus de certas denominações. Ou, ainda, que muitos hinos da Harpa Cristã, doCantor Cristão e outros hinários tidos como sacrossantos têm diversas músicas que originalmente eram tocadas em prostíbulos e até mesmo hinos nacionais de países como a Inglaterra e as ilhas Fiji – apenas com letras cristãs. E isso somente para citar alguns poucos exemplos.
Fato é que amadurecer incomoda. Dói. Reformular-se não é para qualquer um. Quando Jesus quis levar os judeus do leitinho veterotestamentário para o banquete da Nova Aliança muitos o rejeitaram. E hoje a coisa não é diferente. Multidões se apegam aos hábitos, às práticas e às crenças de um cristianismo incipiente e preferem viver na pseudossegurança de uma eterna infância espiritual. E isso acontece basicamente porque se recusam a adotar uma atitude simples: aprender.
Esse é o milagre que transforma a mente: o aprendizado. A obtenção de informações novas. Descobertas. Seja na convivência com pessoas realmente maduras na , que é discipulado. Seja pela leitura de bons livros. Seja pelo estudo sério da Palavra de Deus. Quer sair da infância? Olhe além do horizonte. Olhe por cima dos muros. Saia da zona de conforto e busque o conhecimento e a sabedoriaalém dos limites do berço. Muitas vezes as respostas estão naquilo que parte da Igreja abandonou equivocadamente em algum lugar do passado. Muitas vezes, nas páginas de obras literárias extraordinárias. Muitas vezes, em conversas com cristãos anônimos que vivem uma vida com Deus simples, íntima e silenciosa. E, certamente, no bom e velho texto de uma Bíblia, desde que lido sob os olhos vigilantes de uma exegese e uma hermenêutica corretas.
Se alguém algum dia mostrar a você que chegou a hora de parar de soltar arrotos e puns, não o rejeite. Esteja aberto a aprender. Disponha-se a ouvir mais do que a falar. Retenha o que é bom e despreze o que é mau. E que assim seja,
“até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.” (Ef 4.13-15).
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
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Texto de: Mauricio Zágari
Leia o texto na integra no site abaixo
FONTE:  http://cabecajovem.com/2011/07/a-igreja-que-arrota/#comment-82

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