segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O perigo da Alegoria

Sou amante das Escrituras, das línguas originais, amo ouvir a exposição da Palavra. Eu disse exposição, não gritaria, de um pseudo avivamento, que mais parece um aviltamento. Tenho visto nestes 18 anos de pregação do evangelho, o empobrecimento dos púlpitos. Pastores e pregadores não se preparam para pregar. Vivem de uma revelação do céu. Dizem: Vou abrir minha boca, e Deus irá encher. Pergunto: encher do quê?

Com isso, vemos inúmeras mensagens (?) dos mais variados tipos, para todos os gostos, para as mais diferentes pessoas. Pregadores usam o texto bíblico como querem, eles vêem nas Escrituras, aquilo que os maiores pregadores do mundo não observaram. As multidões que não sabem discernir o certo do errado vão ao êxtase. Embasbacados, olham uns para os outros e dizem: Meu Deus, que mensagem! Que revelação! Que pregador extraordinário! Mas não são como os bereanos, que a cada dia, examinavam as Escrituras (At 17.11).

Prezados não podemos misturar aquilo que é Escritura, com conhecimento secular, histórico e enciclopédico. Esses dias assistindo um pregador ele usou o Salmo 133.2 e interpretou o texto desse modo para o delírio da multidão:

É como o óleo que desce sobre a cabeça: Cristo (o cabeça)Que desce sobre a barba: os apóstolos (por causa da barba)Sobre a gola das suas vestes: a igreja primitivaDesce à orla das suas vestes: a igreja contemporânea.
A multidão gritava, outros pulavam, alguns balançavam o queixo, como dizendo: “Nunca vi nada igual”! Eu também não. Isto é uma falta de respeito ao texto sagrado. Isto é torcer as Escrituras e interpretá-la sem nenhum critério. Uma das regras fundamentais de uma boa exegese bíblica é: a Bíblia diz justamente o que ela quis dizer. Não é necessário criar uma alegoria para a interpretação. Creio ser por este motivo que não faço sucesso no meio dos grandes pregadores. Não tenho agenda lotada. Não há ninguém carregando minhas malas. Prego a Palavra. Ela que tem a autoridade e não as maluquices exegéticas desses pregadores. O pregador não cria a mensagem, ele a transmite. A mensagem emana das Escrituras, e não de sua habilidade de deturpá-la.
Urge a necessidade de surgir novos expositores da Palavra. Urge a necessidade desses jovens pregadores em vez de ficarem copiando as mensagens, as línguas, as vestes, estudarem mais e mais a Bíblia, submeterem ao ensino, amarem a sabedoria, ler bons livros para não reverberarem seus pensamentos e idéias que não valem nada. Philip Brooks disse: "Pregação é uma verdade pregada com personalidade". Se você é um eco, um clone, fique sentado. É a Escritura que deve ser pregada. Somente a Escritura. Nada mais que a Escritura.

Sei que há inúmeros expositores bíblicos no anonimato.
Pois os pastores querem os avivalistas em suas igrejas, em seus congressos, em suas festividades, só espaço para os renomados pregadores, os malabaristas do texto sagrado.Quantas vezes meu nome foi indicado a um “grande congresso”, e não acabei pregando. Por quê? Simples, não sou conhecido, não tenho fama, não vivo debaixo dos holofotes, não consigo iludir as pessoas com aquilo que não está escrirto.
Aos nobres expositores da Palavra, continuemos nossa missão. Preguemos a Palavra. Amemos a Palavra. Transpiremos a Palavra. Deus está “preso” a sua Palavra. Ele é a própria Palavra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário